terça-feira, 17 de dezembro de 2013

TV DIGITAL no Brasil. Uma questão urgente

A TV Digital precisa de decisões urgentes


O mercado, este ente que impõe politicas e justifica investimentos, regula indiretamente questões que não dizem respeito a este aglomerado de empresas, ou seja, as politicas sociais.

Enquanto se movimenta serpenteando entre os planejamentos de custos e receitas, normas, cronogramas, produção e desenvolvimento de produtos e sua comercialização o mercado transmite mensagens as autoridades constituídas sobre o espaço em que recursos públicos podem ser adotados ou não .

Me explico: O Estado, sob o ponto de vista da prestação de serviços aguarda os sinais provenientes do setor produtivo para estabelecer suas acoes concretas. Pode parecer injusto este ponto de vista não engajado, mas infelizmente, não o e. 



Quando se discutiu por volta de 2008, os caminhos para a disseminação da TV Digital, meses depois da  transmissão inaugural em São Paulo em 03 de dezembro de 2007, tinha-se a convicção de que era necessário trabalhar em três pontos fundamentais para se alcançar a universalização deste serviço de radiodifusão digital:  os investimentos numa rede de transmissão, de recepção e de conteúdos em Alta Definição, enveredando-se os operadores pela possibilidade difusa da interatividade.

Planos foram desenhados, números foram discutidos nas entranhas dos gabinetes, como também, no  Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital. A este tempo, nas vizinhanças de 2009, a discussão prioritária mudava de foco e passava a ser a difusão da Internet de Alta Velocidade. Nada mais acertado.

Enquanto se imaginava que o mercado daria conta da propagação do SBTVD, o discurso único dentro das hordas governamentais era a Banda Larga. Assim, o que havia sido contemplado com a sinergia dos Ministerios,  o programa da TV Digital, cujos efeitos se faziam notar pelo sucesso de sua implantação inicial, era deixado em segundo plano.



Deixou-se para o mercado a tarefa de massificar a TV Digital na mesma proporção dos 97.8% - dados do CETIC.br - de cobertura atual da TV analógica no Pais.

Some-se a isto, a introdução da politica do PNBL - Plano Nacional de Banda Larga - que em 2009/2010 disputou espaço politico com a radiodifusão digital na busca de investimentos e incentivos que haviam sido dirigidos anteriormente a este setor e que ainda necessitavam de acompanhamento permanente para se consolidar.

E baseado na pressao de um dos setores mais poderosos  do mercado, as telecomunicacoes e na conviccao de que as tendencia futuras do mundo da informacao apontava para um cenario global baseado na Internet, tomou-se a decisão de apoiar prioritariamente a construção do edifício da Banda Larga. 

Claro que esta medida era acertada. Precisamos de estradas e redes de dados com urgência. Este argumento nos parece extremamente obvio para coloca-lo em questão.  Entrementes, o que não poderia ter sido deixado sem sequencia era a continuidade da gestão da disseminação da TV Digital aquele tempo, possivel de ser conjugada com o PNBL.

Isto diz respeito a redes de transmissão com a construção de torres integradas de TV Digital e telecomunicações (que já existem na pratica), o concurso de satélites com plataformas hibridas, ou seja, com as bandas KA, KU,etc. e a a banda C.



Na vizinha Argentina se fez assim. Tomou-se a decisão de criar um programa conjunto entre telecomunicacoes e radiodifusão, o "Argentina Conectada". Sem comparações, deveríamos ter enveredado há mais tempo por um caminho comum, pois evitaríamos desperdícios, sobreposições e batalhas por hegemonias e considerações corporativas exageradas.

Mas o mercado brasileiro, com a mentalidade baseada em critérios do mundo desenvolvido, sem a devida atenção a elaboração de politicas customizadas que levassem em conta nossa realidade econômica e social, preteriu a TV Digital com propósitos interativos, seja porque não havia entre os radiodifusores modelos comerciais interativos sustentáveis, seja porque ferramentas com viés públicos eram, como se dizia 'obrigações de governo'

Mas não fizemos a opcao pela TV Digital publica interativa, e agora temos outra oportunidade de faze-la urgentemente. Todos, governos, corporações, todos juntos. A TV aberta não naufragou e não morrera. E já que gostamos dos exemplos que nos chegam do primeiro mundo, nos EUA a TV aberta atingiu números ate então não imaginados para um pais todo 'cabeado'.



Hoje já  são 17% dos estadunidenses que acompanham gratuitamente e diariamente a TV Free to air - para assistir a sua programacao 'ao vivo' em conjunto com a utilização dos serviços pagos e por demanda OTT e VOD,  conhecidos popularmente atraves de servicos como a NETFLIX, HULU, APPLETV, GOOGLETV, entre tantos. No caso descrito, cuja audiencia é eminentemente jovem, desligaram-se os serviços de cabo -  modelos  nos quais os acessos aos conteúdos são pagos mas ofertados em grades lineares, com horario fixo - numa ação conhecida como 'cord-cutting'. 

O que fazer: Amanhã iremos aprofundar esta reflexão.




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