Recebi hoje a informação de que a Anatel vai testar em São Paulo o programa de migração das emissoras AM para a faixa de espectro hoje ocupada pelos canais 5 e 6 de de TV em VHF.
Apesar de assistir a estes movimentos com satisfação, pois trata-se da recuperação de uma faixa tradicional de serviços radiofônicos sonoros, fico me perguntando se esta migração para esta faixa equivalerá a dizer que a migração se dará de analógico para analógico.
Me explico: Hoje grande parte do mundo radiofônico resiste a migração para o mundo digital em razão de duas questões básicas:
1. O investimento em equipamentos digitais, transmissores, antena, além dos periféricos do sistema irradiante sem falar da atualização dos equipamentos de captação, edição e pós-produção é respeitável.
Recursos até podem ser colocados a disposição, acredito. Porém, se fizermos uma analogia com o que aconteceu com o PROTVD de 2006 , programa do BNDES para apoiar a disseminação da TV Digital pelo Brasil e que tinha uma linha para financiar os radiodifusores para compra de equipamentos em geral, veremos que seu resultado foi pífio o que não nos empresta grandes esperanças para seu exito.
Os radiodifusores não apresentaram, em geral, garantias reconhecidas como válidas pelo banco de fomento e assim o recurso ficou por lá, intocável, na Av. Chile no Rio de Janeiro.
2. Nenhum argumento técnico ainda rebateu a máxima que circula entre os donos das emissoras de rádio, confirmado em conversas no último Congresso da ABERT, de que não vinham vantagens em migrar para o ambiente digital, no caso das FM, pois o ganho de qualidade sonora desta transformação seria muito pequena e quase imperceptível para o´publico. E, claro, com a mudança, os ouvintes teriam que comprar um rádio novo.
Se somarmos ao argumento de que em vários países, salvo correção, o rádio analógico continua soberano, cabe a pergunta: Porque mudar para o digital se o AM pode transformar-se em FM analógico com investimentos novos, é verdade, mas recuperando uma banda quase perdida em termos de investimentos publicitários.
Será que teremos uma decisão da radiodifusão brasileira pelo rádio digital? O Futuro nos dirá.
.