Ontem a noite recebi um telefonema de meu dileto amigo Prof. Dr. Gunnar Beddicks que numa voz emocionada me deu a notícia tão esperada de que um primeiro país africano decidira-se pelo sistema nipo-brasileiro de TV Digital, Botswana.
(Google Images )
A Europa, todos sabemos, tem historicamente, uma forte e avassaladora influência nas decisões dos países africanos. Desde a lutas pela independência dos países colonizados nos anos 60, que o controle politico com saída da 'proteção' européia ocasionou intensas disputas étnicas pelo poder causando conflitos e guerras civis sangrentas.
A falta de estratégias de desenvolvimento e de crescimento econômico fez com que a manutenção calculada do domínio europeu passasse dos custos integrais da dominação física dos países para uma orquestração comercial européia de controle dos agentes econômicos na África. Isto aos poucos vai se modificando.
Botswana é um exemplo diferenciado.. País rico em minérios e pedras preciosas tem parte de extensão geográfica coberta pelo deserto do Calahari. A outra porção mais ocidental é verde e exuberante e sua capital Gaborone é uma surpresa positiva por sua organização, limpeza e qualidade de vida.
Colonizada pela Coroa Britânica, Botswana tem, assim como seus vizinhos, quase uma dependência industrial e comercial da Africa do Sul. Por isto, percebam, esta decisão dos botsuanos é tão importante. Pois significa que este pais, teoricamente da órbita de influência sul-africana, toma um decisão diversa dos interesses de Pretoria que tem lutado ao lado de ingleses , franceses e alemães pela implantação do DVB-T, sistema europeu de TV Digital.
Nossa luta começa com a decisão da Casa Civil da Presidência da República, do Itamaraty e do Ministério das Comunicações em voltar as baterias de disseminação do ISDB-T para Africa depois das vitórias retumbantes destas ações de convencimento na America do Sul, (exceto somente a Colômbia) e America Central (onde ainda estamos finalizando os acordos)
A primeira investida solitária se deu com a ida do prof. Gunnar Beddicks, do Instituto Mackenzie as Ilhas Mauricio enviado que fora para aquela paradisíaca região em 2008 tentar incluir a discussão da adoção do sistema nipo-brasileiro na agenda da Southern African for Development Commitee (SADC) que havia se reunido para referendar a norma da UIT ( União Internacional de Telecomunicações) referente ao região 1 do planeta que corresponde ao Europa e Africa.
Da onde se deduz que a decisão pela sistema europeu na Africa eram favas contadas.Conseguida a inclusão, fui parte da delegação brasileira, por deferência da Sra. Ministra da Casa Civil de então, Dilma Rousseff, para reunião temática da SADC em Maseru, no Lesotho. uma reunião tensa, onde o teatro de aprovação preparado pelos europeus foi contestado pelos nossos argumentos o que resultou em tomada de decisão pelos africanos em considerar testes com mais de um sistema.
(Gaborone, Botswana- Google Images)
(Gaborone, Botswana- Google Images)
O que se seguiu foram batalhas verbais e documentais em algumas reuniões em Moçambique. Angola e Zâmbia onde finalmente conseguimos, apesar da recomendação do DVB-T expressa no documento de Lusaka em 2010, que fossem aceitas pelos países da SADC, a inclusão de sistemas que se adequassem as normas técnicas da ITU para o desenvolvimento e disseminação da TVD na África.
Resultado. O que acabamos de apresentar. O ISDB-T é uma realidade na Africa com a adoção por Botswana. Agora é esperar pelas decisões dos governos de Angola, Zâmbia, Moçambique Republica do Congo e Namíbia com as quais nutrimos expectativas muito positivas.
Parabéns a todos. Parabéns a Botswana. Parabéns a Africa.