quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Respondendo questões acadêmicas

Tenho sido procurado por alguns alunos de mestrado e doutorado, interessados .em pesquisar temas sobre TV Digital (TVD), Operador de Rede, Convergência e Conteúdos Digitais.
Escolhi uma série de perguntas para responder e que, talvez, possam , igualmente satisfazer estes alunos, como, também, aos seguidores deste blog.(hoje um pouco mais longo fato pelo qual, antecipadamente me desculpo)

(Google images)


Sendo o Brasil um país com enorme complexidade social, cultural e econômica, quais as estratégias que a EBC tem buscado para inclusão social por meio da TVD?

A questão da inclusão social  por meio da inclusão digital é um desafio para os países as diferenças econômicas ainda são um obstáculo a obtenção universal ao acesso a participação de todos os segmentos aos benefícios dos instrumentos digitais de informação, entre estes, a TV Digital. Acreditamos que a TV Digital Terrestre, aberta e gratuita é uma solução eficaz e insubstituível nestes países em desenvolvimento, cuja margem de oferta de infraestruturas de transporte de dados e conteúdos audiovisuais  por  platafaformas IP ainda é insuficiente. Em razão disto a EBC vem sendo um esteio na defesa desta proposta de disseminação da TVD com tecnologias de interatividade.

O modelo de televisão pública da EBC contempla o projeto de TVD?


Vamos pegar o caso brasileiro.  Só as emissoras públicas federais podem, em virtude de preceito constitucional, exercer o direito de explorar as bondades da TV Digital Terrestre em sua plenitude. A razão disto é que por estar expresso nos artigos 121 e seguintes da Carta Magna, as emissoras pertencentes aos poderes da União tem a prerrogativa reconhecida  de explorador direto dos serviços de sons e imagens e sonoro de radiodifusão. Assim, segundo a interpretação dos juristas e em virtude da regra da hierarquia das normas, tal designação não pode ser alcançada pela lei de radiodifusão, combinação dos diplomas de 1962 e 1967, ainda em vigor, apesar de a anacrônicas e só afeitas aos demais concessionários.
Pode a EBC, por este entendimento, realizar projetos de multiprogramação e interatividade com canal de retorno, até então, não autorizados aos  radiodifusores comerciais ou educativos e públicos não federais. E assim promover a participaçãopor estes instrumentos da inclusão digital pela TV aberta e gratuita. 

De que forma os profissionais da EBC estão sendo preparados para atuarem no projeto da TVD? 

Estamos não apenas capacitando e formando nossos profissionais jornalistas e produtores artísticos no mundo da TV Digital digital como, também, aos profissionais latino-americanos e africanos beneficiados pelos programas de cooperação mantido pelo Brasil com os países que adotaram o sistema nipo-brasileiro ISDB-T, seja pelo uso de nosso laboratórios de interatividade, seja pelos cursos oferecidos pelo programa da Agencia Brasileira de Cooperação em cooperação com a Universidade Católica de Brasilia. Claro, que esta oferta ainda está restrita a Brasilia.

E no caso do canal de outros estados como o  Maranhão  existe um foco específico?

ideia da EBC é estar presente em todos os pontos onde mantém geradoras e posteriormente estender este programa de apoio profissional as demais praças onde mantemos acordo com afiliadas a nossa programação. Estamos caminhando a passos largos para em médio prazo capacitar interessados em aprender a linguagem televisiva digital e interativa, inclusive com a o aumento da capacidade técnica e física de nosso laboratório de aplicativos e conteúdos digitais.   

Existe alguma parceria formalizada entre EBC e demais canais públicos (TV Senado, TV Câmara, NBR, TVs Assembleias) para maior acesso da população aos aplicativos de prestação de serviços junto ao INSS, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Ministério da Saúde etc?

Sim, o acordo 'guarda-chuva' foi firmado pelos poderes da União em 2010 e está em vigor. E agora, por meio de convênio estamos iniciando trabalhos conjuntos em nível de provas de conceito com o Banco do Brasil, Ministério da Saúde, Desenvolvimento Social e Trabalho. Nosso interesse e dos nossos parceiros institucionais é o de ampliar estes esforços em direção a todos os órgãos do poder público, incluindo-se aí, os poderes estadual  e municipal.  

Como está funcionando atualmente o serviço de acesso por meio de aplicativos? Existe um cronograma de acesso por regiões ou cidades, em específico?

Como disse acima estamos na fase inicial de testes e especificamente estamos promovendo provas de campo em João Pessoa na Paraíba  com o apoio da Universidade Federal local onde estamos testando em 100 residências de beneficiários do programa Brasil Sem Miséria, todas as facilidades da TV Digital terrestre interativa. Foram criados, para tanto, uma serie de videos interativos que servirão como tutorial para o uso da interatividade por este segmento da população com a finalidade apresentar e permitir o uso de serviços públicos oferecidos pelo poder público como a confecção de documentos, acompanhamento de benefícios previdenciários, ofertas de empregos, introdução nos programas de saúde, etc.
Os resultados serão auditados e consolidados pelo Banco Mundial através de seus consultores o que resultará em um relatório com os resultados advindos dos impactos econômicos e sociais  mensurados no decorrer deste programa.

 Quais as metas da EBC em se tratando de TVD e inserção social por meio de aplicativos?

A principal,  sem dúvida, é comprovar e efetivamente realizar a inclusão digital via TV Digital aberta oferecendo a porta de entrada aos brasileiros menos favorecidos o uso das tecnologias digitais interativas, preparando-os para a chegada inexorável da oferta de outros serviços e plataformas digitais como a Internet Banda Larga

O Ginga atende plenamente o projeto de serviços ofertados a população via TVD?

Os testes a que me referi vão confirmar, por certo, nosso entendimento de que se trata de um padrão moderno, primeira e única tecnologia, até o momento, genuinamente nacional a ser aceita como padrão recomendado e homologado   pela União Internacional de Telecomunicações.

A EBC já dispõe de dados sobre a aceitação dos serviços via aplicativos?

Teremos em breve tais números, ao longo do desenrolar dos testes que estamos realizando. 

Hoje, como está o projeto da Operador Único da Rede Nacional de TV Pública Digital Terrestre (RNTPD)?

O Operador de rede  é, por certo, o instrumento de socialização e distribuição dos canais públicos federais para todo o País e permitirá, se realizado segundo os planos da EBC, num instrumento de disseminação da TV Digital,  pois suas torres poderão carregar, não apenas outras antenas de emissoras públicas e comerciais, como, também, vetores de serviços de telecomunicações. Estamos em fase de conclusão dos estudos dentro do governo e, por certo, as autoridades devem se pronunciar a respeito.  

Qual o modelo de canal de retorno previsto pela EBC?

A TV Digital brasileira, através do desenvolvimento de suas normas harmonizadas e adaptadas pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital prevê várias possibilidades tecnológicas para a utilização do canal de retorno. Seja em ambiente da telefonia fixa ou móvel, sejam as transportadas via IP, é possível o uso de uma  plêiade de conexões que permitam a bidirecionalidade da informação adaptada as produção televisivias.  

Comente a possibilidade de ser criada uma empresa pública para prover serviço de acesso a Internet via rede elétrica, principalmente às comunidade de mais carentes. Esse projeto ainda pode se tornar realidade? 

A questão, inclusive, bem noticiada pela imprensa, está em discussão pelos Ministério das Comunicações e a Eletrobrás, a pedido da Presidenta Dilma Rousseff. Nos parece ser um excelente alternativa para o acesso universal e massificado dos serviços de banda larga no Pais. O Smart Grid está nos planos do governo federal como alternativa boa e barata aos serviços de Internet rápida

Espero ter, com tais exposições, satisfeito, mesmo que superficialmente,  aos interesses dos que querem conhecer um pouco mais sobre o desenvolvimento da TV digital no Brasil, envolvendo atores como a EBC e os demais parceiros na boa batalha pelo uso desta rede informativa gratuita com os atributos da digitalização.
  

2 comentários:

  1. No sentido de colaboração com o texto do André...

    Até a criação da EBC, a Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto – ACERP, OS, era quem mantinha e colocava no “ar” as TVEs do RJ, MA e SP, além de participar nas decisões dos órgão gestores da Rede Pública, como a ABEPEC e outras. Com a criação da EBC, a ACERP deixou de ser responsável pelos serviços de radiodifusão e através do instrumento de Contrato de Gestão, passou a apoiar a EBC, através de sua expertise e mão de obra, então lotada na Rádio MEC (AM e FM) e na TV Brasil (RJ,SP e MA), para que a EBC recém-criada se estrutura.
    Hoje, a ACERP se reorganiza enquanto OS, na perspectiva de continuar apoiando a solidificação da EBC e suas empresas no que tange principalmente na formação dos trabalhadores das TVs e Rádios públicas no mundo digital e interatividade.
    Nesta direção, a ACERP mantém convênios com as federais da Paraíba, Maranhão e a Fluminense no RJ. Mantém também acordos com a PUC-RJ e negocia com a Makenzie em São Paulo, sempre na busca de soluções de cooperação para o mundo público da comunicação. Neste momento está em curso na Secretária de Educação do RJ e junto ao MEC, processo de licenciamento e criação da Escola nacional de Comunicação Pública – ENCOP, voltada para a formação/inserção dos trabalhadores em empresas de comunicação no Brasil e, se possível na AL e África. Escola a ser mantida pela ACERP.
    Através de sua expertise a ACERP colaborou ativamente na mudança da Planta Analógica para a Digital da TV Escola, televisão ligada ao MEC onde a ACERP através de contrato com o MEC colaborou ativamente para o sucesso da empreitada.
    Ainda na linha de apoio a implantação do projeto de uma rede pública de comunicação e da inserção social e acessibilidade, a ACERP está fechando contrato com o INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) para montagem e apoio na geração de conteúdos para sua televisão web. Uma televisão voltada para o público com deficiência auditiva.
    Todo este esforço, bem como os esforços desprendidos pela EBC na busca e implantação da Rede pública de Comunicação, só serão possíveis com o apoio dos poderes executivo e legislativos.
    Te abraço
    Sérgio Mesquita
    Líder do Núcleo de Desenvolvimento da GEINF/ACERP
    ps: texto de responsabilidade minha.

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  2. Otima contribuição, Sergio. Te agradeço.

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