sábado, 24 de novembro de 2012

Planejar a comunicação. Isto é possível?

Vários países do mundo tem tido resultados apreciáveis em relação a oferta de infraestrutura,  implantação de políticas regulatórias de uso de espectro e projetos integrados de politicas de desenvolvimento industrial.

O Brasil e a maioria dos países emergentes tem tido dificuldade em estabelecer tais parâmetros por que não tem lançado mão de ações de de planejamento econômico e e estrutural que dê conta da equação orçamento fiscal e distribuição de tarefas de médio e longo prazo e que respondam a estes grandes desafios.

(Google images)
Todos se recordam de que quando estávamos em pleno processo de decisão para adoção do sistema de TV Digital terrestre para o Brasil  lá por volta de 2004 e 2005, muitas máximas eram levantadas, vamos assim dizer, como verdades absolutas, indiscutíveis.

Por exemplo, tínhamos perdido o 'bonde" para ingressarmos com êxito na disputa internacional por investimentos em plantas industrias que concretizassem no País, o eco-sistema dos semicondutores. Até por que havia sido este o entendimento anos antes quando empresas do setor, instaladas no Brasil, fecharam as portas por não haver uma politica integrada para elas, motivadas pelo consenso geral de que os investimentos haviam migrado para Ásia e ponto final. 

A nossa politica de ocupação do espectro radioelétrico, bem escasso e finito, sempre pautada pelos interesses das corporações e arranjos de mercado, ficou ao largo da discussão de temas de interesse nacional, tanto no Citel como na UIT, órgãos de recomendação das políticas regionais e universais de telecomunicações e radiodifusão.

Este fato  repercute ainda hoje, sob o manto da integração global, nas decisões soberanas do Brasil quanto as relações de ocupação das frequências para a radiodifusão e telefonia celular, o uso de tecnologias e a concorrência aberta e leal das implementações de produtos, baseados em especificações fora do eixo dos países desenvolvidos.

Lembro-me que era voz corrente em nosso setor, o investimento do Japão, realizado entre 1999 e 2001  e dirigido ao rearranjo do espectro radioelétrico,  trabalho que custou aos cofres japoneses a bagatela de 2 bilhões de dólares. Com isto os nipônicos puderam dar vazão ao seu "Integrated Services", constituintes da sigla ISDB que com seus braços integrados, resolveram questões de relacionamento entre tecnologias, permitiram a convivência de plataformas de modo inteligente e otimizado.

Sempre é relevante falar de exemplo como os da Coréia que com seu processo de investimentos maciços em educação, realizado nos 70 e a politica de valorização de empresas e marcas nacionais, apresenta para o mundo números exuberantes da universalização dos serviços de banda larga, com 100% de cobertura e com taxas médias de tráfego de dados, superiores a 100Mb.

É claro que são situações distintas, incomparáveis, mas é sempre bom saber como se dão as coisas em países, cujas regras são avaliadas sempre com a ótica das politicas de Estado.   

Um comentário:

  1. O término de seu texto acima define bem o porque estarmos na situação em que nos encontramos - a tal política de estado. Infelizmente, mesmo quando definida, esbarramos em um Congresso que está mais preocupado em definir quem vai pagaar os impostos devidos dos parlamentares do que aprovar o Marco Civil da Internet. As questões "do mercado" sempre prevalecem em detrimento do bem comum. Não podemos é desanimar...

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