sábado, 10 de novembro de 2012

Conteúdos digitais. A chave do paraíso.

Logo após o anúncio da adoção pelo Brasil do sistema nipo-brasileiro de TV Digital ISDB-T em junho de 2006, recebi um telefonema de um graduado funcionário da representação da Comunidade Européia em Brasilia. Estava desolado.

(Google images)


Argumentava este diplomata europeu que tal decisão comprometeria o futuro desenvolvimento de ações conjuntas entre Europa e Brasil e que, especialmente, este ato soberano do País seria alvo de 'incompreensões irreparáveis', me parece ter sido este o termo utilizado.

Seu amargor era compreensível, pois a Europa dava como certa a entrada do Brasil no clube do DVB-T, com tudo o que isto implicava para os negócios europeus na América do Sul.

Respondi a ele que seu discurso fazia sentido enquanto observado como decisão estratégica de investimentos da indústria de hardware, mas que não implicava em perda de oportunidades em relação ao principal tema em questão: os softwares e os conteúdos digitais audiovisuais. 

Ali estava o tesouro. E  que a decisão anunciada, escondia outra dimensão para os negócios, a meu ver, mais substanciais e que não estavam exatamente em jogo a com a decisão por uma modulação X ou Y.

Encontramo-nos algumas vezes depois e recentemente, em conversa sobre o piloto do Operador da Rede  de TV Digital Pública Federal e que está em vias de iniciar suas ações dentro de poucos dias, recebi dele a concordância sobre o tema discutido naquele telefonema de anos atrás.

E falamos sobre interatividade, como tal processo poderia dar certo considerando-se ai os erros cometidos por alguns países europeus quando da implantação da TV Digital como, por exemplo, a falta de arrojo dos países da Comunidade em assumir institucionalmente o programa da interatividade.

E, obviamente, das consequências adicionais  de um programa com tal amplitude como o treinamento da população em todos os níveis, ensinando-os a usar a TV participativa, com suas janelas de aplicativos e videos interativos. 

E que estariam, os europeus, fortemente interessados em acompanhar o desenrolar deste processo de implantação no Brasil e disputar qualquer certamente licitatório futuro. 

Nada como um dia atrás do outro. Percebida a grandeza do que representa para os investimentos do setor  de telecomunicações e comunicação de massa, o transporte de dados, agora o consenso aponta para os  conteúdos como a bola da vez. Mas sempre foram a chave do paraíso, não é verdade?

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