quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Interoperabilidade. Quem tem a maior carta?

O discurso atual dos mercados corporativos de  telecomunicações e radiodifusão refletem o dilema estabelecido pelas incessantes mudanças tecnológicas. Ou seja,  a busca de novos modelos econômicos e de negócio que sejam balizadores e pacificadores do setor integrado pelas diversas plataformas é frenética e no horizonte não se vislumbra senão a necessidade do estabelecimento de padrões e sistemas interoperáveis.



Alguns exemplos podem dar cor a este cenário. 

As ofertas anunciadas pelas operadoras de serviços de telecomunicação de entrega de serviços de banda larga de 200Mbps restringem-se, obviamente, as regiões onde a oferta de ADSL e seus tentáculos de cobre  já não correspondem a demanda de paulistas, paulistanos e cariocas. 

É o primeiro mundo do Brasil. E assim como qualquer primeiro mundo dita as regras para as políticas para as outras regiões  do País que passam a descartar o bom, possível, atingível, para almejar o ótimo, distante, sem previsão.  

A este impasse, digamos metodológico, se impõe a necessidade de se encontrar soluções pragmáticas onde possam ser observadas as necessidade reais de cada região brasileira cruzadas com o seu respectivo perfil de desenvolvimento humano. E assim produzir condições fidedignas de realização das tão almejadas universalização e massificação do serviços.

Mas o ponto em que gostaríamos de nos fixar é o de que com a busca das mencionadas politicas integradas  e customizadas poderíamos oferecer com mais rapidez e eficiência serviços de informação digital coerentes com as demandas mensuradas em cada região, nicho, situação.

Uma cesta de ofertas integradas por diversos tecnologias de transporte de dados acopladas às distintas redes de transmissão existentes, tais como telefonia celular e TV Digital. E até sua integração em programas de governo como PNBL, Cidades Digitais e Canal da Cidadania. 

Ouvi algo assim no IBC de Amsterdam onde propostas como a do Codec Multi-Dash parece oferecer condições de integrar radiodifusão e banda larga trazendo possibilidades de atuação em cenários interoperáveis.  

O mesmo se dá com FIMS, considerada a panaceia do mundo dos softwares, como um tipo de global firmware que permite o trânsito de diversos aplicativos e que hoje não conversam entre si.

Entretanto, ficou claro nas palestras que assisti na Holanda que as empresas estão discutindo estes temas sem a participação das instituições muti-setoriais e ou mesmo governamentais. O risco é estarmos produzindo outra vez o velho sonho do pensamento econômico dos anos 80, do estado mínimo, com baixa participação oficial e para o qual, o mercado, como em 2008 e, atualmente, com a crise européia, sempre recorre ao primeiro sintoma de indisposição. 

Então, amigos, o jogo necessário e inexorável da interoperabilidade pode ser jogado com cartas cujo naipe e valor talvez não sejam fortes para vencer uma realidade ameaçadora de falta de tráfego e acesso para todos. 

Quem tem a maior carta?


Nenhum comentário:

Postar um comentário