quinta-feira, 18 de julho de 2013

NETFLIX ataca outra vez. O alvo: as TVs pagas.

O Netflix, serviço de filmes e programas via internet, de baixo custo, retomou ontem sua trajetória de principal ameaça à televisão.

Com a divulgação do balanço do primeiro trimestre, suas ações voltaram a ser negociadas em Nova York acima de US$ 200 pela primeira vez desde 2011, quando sofreu uma crise de confiança junto aos assinantes. No balanço, o Netflix informou ter aumentado em 2 milhões o número de assinantes nos Estados Unidos, totalizando 29,2 milhões.

Segundo analistas do setor ouvidos por "Variety" e "New York Times", conseguiu deixar para trás na liderança a HBO, serviço de filmes e programas via TV paga, por cerca de 500 mil assinantes. Fora dos EUA, o Netflix elevou o número de assinaturas em 1 milhão, para 7,1 milhões. Nesse âmbito, porém, a HBO é 16 vezes maior.



E o único dado de audiência foi global e aproximado: seus quase 36 milhões de assinantes digitais assistiram a um total de 4 bilhões de horas de programação via internet, no primeiro trimestre. Além do serviço on-line, o Netflix ainda mantém nos EUA a entrega de DVDs por correio, origem do negócio, mas hoje inexpressiva. Foi justamente a tentativa frustrada de isolar os DVDs em empresa à parte que levou à crise de confiança de 2011.

Um exemplo deste movimento: quando foi lançado em fevereiro deste ano,  a série “House of Cards” marcou a aposta do Netflix de produzir conteúdos próprios para brigar, cada vez mais, com as TVs pagas.. O problema é que o investimento de 100 milhões de dólares, para as duas primeiras temporadas, está dando menos retorno do que o esperado.
Essa é a conclusão de uma pesquisa da consultoria GfK, que apurou a audiência da primeira temporada entre os dias 3 e 8 de abril. De acordo com o americano The Wall Street Journal que divulgou o resultado do trabalho “House of Cards” responde por apenas 1% dos vídeos assistidos na locadora online.

Como comparação, “Mad Men”, exibido no Brasil pela HBO, e “Breaking Bad”, veiculado por aqui pela AXN, atraem 3% da audiência cada um. Mesmo “Heroes”, o rocambolesco seriado em pessoas comuns ganham superpoderes, cancelado pela NBC devido ao baixo desempenho, apresenta 2% de audiência no Netflix.

Segundo o WSJ, o mercado sempre se ressentiu da falta de informações sobre a audiência de “House of Cards”, aclamado pela crítica com nove indicações ao Emmy deste ano.

Os principais interessados nesses dados são executivos do mercado de mídia, que desejam negociar o licenciamento da série. Sem informações precisas sobre sua audiência, determinar um preço para as licenças era uma tarefa feita no escuro.

Mas o baixo desempenho da série, em comparação a outras oferecidas pela locadora, pode enfraquecer, em vez de reforçar, a posição da Netflix nessas negociações. Segundo o WSJ, a Netflix comentou apenas genericamente os dados da GfK. Para a empresa, muitos fatores interferem na audiência, como o número de temporadas e de episódios disponíveis para cada série. Segundo esse raciocínio, seriados antigos, que passaram muito tempo em cartaz, tenderiam a mobilizar mais audiência, devido à quantidade de material disponível para assistir via web.


A segunda temporada está atualmente em produção, com 13 episódios previstos. Será a chance de o mercado conferir se a aposta da Netflix é apenas um castelo de cartas.

Em entrevista à revista "GQ" , o diretor de conteúdo do Netflix já dizia que "o objetivo é se tornar a HBO antes que a HBO possa se tornar Netflix". A única menção do relatório à operação brasileira foi quanto ao reajuste "modesto" na assinatura mensal, de R$ 15 para R$ 17, já anunciado aos clientes.

A justificativa, segundo o fundador e presidente-executivo, Reed Hastings, é recuperar a inflação acumulada desde o lançamento no país, há um ano e meio. O balanço não detalha resultados financeiros ou de penetração no Brasil ou qualquer outro país, fora os EUA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário