segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Educação e Comunicação. Dois caminhos, um objetivo.

Educação e Comunicação. Dois caminhos, um objetivo.
Prof. Dr. André Barbosa Filho
A educação sempre esteve progredindo a passos mais lentos que a comunicação. Pierre Bourdieu disse certa vez que a diferença de décadas neste avanço causava um forte sentimento de estranhamento nos aprendizes em razão dos métodos do ensinar estarem dessincronizados com o comportamento cotidiano.
Sábias palavras que, entretanto não podiam nem de longe preconizar que a aceleração e o consequente distanciamento das praticas de transmissão de conhecimento fossem ser revolvidas desde do profundo âmago das relações humanas.
O educador Paulo Freire que nunca foi um inimigo das tecnologias, ao contrário, como afirma o prof. Moacir Gadotti 'era o que ele mesmo se auto-proclamava, um menino conectado' alguém que ao mesmo tempo percebia a necessidade de realizar o que chamava de encontro de saberes e que deveriam dar vazão ao estudo conjunto das várias e diversas facetas culturais que formam uma nação.
Esta disposição em trabalhar para incluir sem deixar de avançar, na verdade e a mentalidade que precisamos desenvolver hoje. Perceber a sabedoria dos não letrados e leva-los pelas mãos através dos instrumentos de aceso as informações disponíveis e, por certo, um meio de aproximar educandos e educadores que como dizia o 'andarilho da utopia', faz de ambos, seres simbióticos onde o ensinar e o aprender se confundem em profundidade.
Aproximar cultura, educação, comunicação e tecnologia e corresponder nas praticas de transferência de conhecimento ao que Edgar Morin e sua Carta da Transdisciplinaridade produziram para nos guiar neste complexo universo do progresso humano.
Abraçar o plural, aceitar o novo, acatar os princípios, que como ensina Lao Tse, sempre estarão no mesmo lugar, não importa o cenário que se produza e se transforme ao seu redor. Assim, nossa intenção em realizar os produtos culturais interativos e no sentido freireano de criar ambientes cinéticos como a vida e, aproveitando a sabedoria do cotidiano, somá-la aos instrumentos digitais participativos.
Um exemplo concreto desta integração é o teste experimental que a EBC realizou em João Pessoa com cem famílias do programa Bolsa Família. Utilizando a TV Digital Interativa, aberta e gratuita, o programa Brasil 4D é a prova incontestável, como comprovam os dados levantados pelos pesquisadores do Banco Mundial (www.ebc.com.br/sites/default/files/brasil_4d.pdf) , de que se pode realizar com sucesso projetos que possam atingir objetivos como forma de diminuição expressiva do espaqço existente entre os diversos segmentos populacionais no Brasil.
Você já pensou como estão as relações humanas passados vinte anos do lançamento da Rede Mundial e da evolução das mídias sociais? Obviamente, falta perspectiva histórica para termos a compreensão de sua dimensão completa diante das profundas mudanças que estão ocorrendo.
Mas já é possível percebê-las. A intensidade das quebras de paradigmas e nas mentalidades já preconizam um novo ambiente de coexistência entre a oferta de inovações tecnológicas e seus agregados, os dispositivos, sejam portáteis, moveis ou fixos.
As pessoas já consomem o que lhes interessa e recebem as informações da maneira que lhes parece mais convenientes. Hoje não se pode afirmar que um serviço X será mais competitivo e que uma tecnologia seja matadora sem perceber se um grupo majoritário de indivíduos escolheu para suas necessidades esta ou aquela tecnologia sem risco de erro
As empresas estão criando centros de discussão onde o consumidor é o grande Guru e, por vezes, o elemento chave na concepção de produtos que possam ler os hábitos individuais e arriscar torná-los coletivos. Quebrou-se o conceito de escala industrial, substituindo-as por uma estretégia de nichos de interesse, de acordo com hábitos diferenciados de diversos grupos humanos, pelos quais se tem como estimar medidas e personalizar ofertas.
Está a industria preparada para esta "era do consumidor"? Tudo leva a crer que o mercado tem se esforçado para obter resultados no que se chama de cenário disruptivo. Porém o 'cenário disruptivo físico' , o dos processos industriais é forçosamente mais lento do que o criativo, o das "start ups", o da industria de conteúdos, mais proximos dos interesses dos individuos. Este é o grande desafio.
Outro ponto crucial. Estamos preparados ns universidades para ensinar e estabelecer praticas pedagógicas que possam fazer frente a esta realidade que se transforma em ritmo alucinante? Trabalhar num conceito de interdisciplinaridade, onde o conceitos como "produtos matadores" já não tem o mesmo a´pelo de de há poucos anos atras? Ou que a criatividade nos modelos de produção e de criação sejam revestidos de uma complexidade para a qual a teoria econômica da disruptura possa encontrar sua sustentabilidade nos processos de "tracking e analytics"?
Reunidos em Salvador, pró-reitores das universidades publicas brasileiras discutiram no seminário de educação e cultura nas Universidades este e outros temas relevantes da contemporaneidade.A preocupação é evidente. Alguns palestrantes revelaram seu desconforto com os novos paradigmas de comportamento revolucionário imposto a sociedade em razão das ofertas tecnológicas e tornam o modelo de cauda longa um conceito, vamos dizer, ultrapassado, modificado por estas disrupturas físicas e/ou crativo/digitais
Ha muito que aprender, planejar, propor. Mas é necessário incluir os temas certos e não ter receios. Ouvir os jovens é uma dos caminhos mais acertados. Vamos conhecer que pensam os quem estão dando as cartas: os indivíduos deste novo tempo camaleônico e multiplataforma.
O exame em profundidade das inovações e da mentalidade criativa dos meios em geral requerida pelas industrias como base para a satisfação das audiências ao lado do crescimento da demanda por serviços individualizados geram mostram que os modelos de produção devem ser tão inovativos e flexíveis quanto os caprichos dos indivíduos no momento da aquisição de serviços e produtos.
A revolução digital em andamento através dos meios virtuais está, na atualidade, no estágio 'disruptivo' de acordo com o autor McQuivey. Ele insinua: " Não tema esta disrupção " , se me permitem o anglicismo. "Este processo disruptivo é bom", acrescenta. "Os produtores de conteúdo e distribuidores de produtos audiovisuais devem obter vantagens deste novo vetor de consumo produzido de modo bem expressivo atrás destas mudanças radicais de comportamento e que estão acontecendo em velocidade muito rápida”
O autor propõe que a palavra de ordem seja: "seja disruptivo, quebre os conceitos, ouse criando diante do que não foi oferecido, produza protótipos e novas idéias estudando as necessidades e possíveis lacunas existentes para oferecer o inusitado".
As redes de infraestrutura quanto os dispositivos devem ser ubíquos, ou seja, alguma coisa ou alguém que está ao mesmo tempo em toda a parte ou sob o ponto de vista computacional, seria a capacidade de estar conectado à rede e fazer uso da conexão a todo o momento. Sintetizando sua proposta o pesquisador da Forrester Research afirma que "Estas estruturas onipresentes que os consumidores têm assimilado tão rapidamente formaram novas plataformas digitais através das quais as empresas de qualquer setor podem fornecer valores e produtos para estes públicos"
Será que a mentalidade inovadora, disruptiva, chegou ao Brasil? Será que o uso desagregador, disruptivo, que leva a tudo a outras direções e resultados está no âmago dos nossos executivos na industria da comunicação, na radiodifusão e até nas telecomunicações?

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