sábado, 25 de abril de 2015

Interatividade: surge uma nova televisão

Interatividade: surge uma nova televisão

                                                                                                            André Barbosa Filho-PhD



Depois de quase uma década de implantação da TV digital terrestre, o Brasil vive a última oportunidade de fazer valer as diretrizes do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-Tb) estabelecidos pelo Decreto 5.820/2006, como a interatividade, multiprogramação, mobilidade, portabilidade e interoperabilidade.

No dia 29 de abril próximo, o Grupo de Apoio a Migração Digital (GIRE) estará se reunindo para decidir as principais ações referentes ao investimento dos 3.6 bilhões de reais - contrapartida das empresas de telefonia celular vencedoras do leilão da faixa de 700Mhz.

Estes recursos já foram entregues à Associação sem Fins Lucrativos (EAD), entidade encarregada da compra e distribuição de caixas conversoras digitais para as famílias dos beneficiários do programa Bolsa Família - 14 milhões -, em todo o Brasil.

A EAD é responsável pelo ressarcimento das emissoras de TV que operam ou já tenham realizado investimentos para transmissão digital nos canais 52 a 58 e, igualmente, para o pagamento das campanhas de esclarecimento sobre o cronograma da migração e suas particularidades, em todos os municípios brasileiros.

A campanha inclui, também, recursos para a pesquisa que certificará o número mínimo obrigatório de 93% dos domicílios com recepção do sinal aberto e gratuito da TV Digital, antes do desligamento do sinal analógico. O custo desta campanha, ainda desconhecido, poderá ser um impeditivo financeiro para o avanço de conversores mais robustos e com mais recursos tecnológicos.

Há quem pregue mais dinheiro para campanha e caixinhas conversoras simples, destas que só servem para sintonizar a imagem e som da TV Digital, com acessibilidade restrita e sem os benefícios mais nobres como a interatividade com Ginga, acessibilidade e multiprogramação.

A caixa conversora de sinais digital para TV Digital aberta é um salto de eficiência no acesso das populações de baixa do Brasil ao mundo digital através, por exemplo, da oferta de aplicativos com programas públicos, normalmente só encontrados na internet.

A caixinha não é só para TV, é uma caixinha integradora, convergente, para que esse público enorme, que ainda não tem a possibilidade de receber fibra óptica ou internet fixa, possa usar o canal de retorno 3G ou 4G para acesso à web.

Ao mesmo tempo, apresenta um novo modelo de negócio, uma nova fonte de renda para a radiodifusão. Basta estabelecer modelos de negócios compatíveis com a renda dessas famílias. Para a TV publica, uma oportunidade de exercer o protagonismo, transmitindo conteúdos e dados pela TV, aumentando e qualificando sua programação e audiência.

O detalhe: apenas 44% dos domicilio brasileiros tem internet. E 98% tem televisão analógica.

Desafio: alcançar a meta de 93% da TV Digital gratuita e preparar este meio para a chegada da convergência de plataformas, esperando que no futuro todos os brasileiros tenham banda larga em casa.

Devemos preparar a TV Digital aberta brasileira para oferecer serviços de over the top (OTT) com streaming de dados, transmitido pelo sinal de radiodifusão, gratuitamente. Empresas como Net Flix, Google TV, Apple, Hulu, bastante popularizados nos Estados Unidos, vêm utilizando a TV para oferecer seus conteúdos diretamente aos telespectadores, sem usar a internet.

Um novo tempo para uma nova televisão, convergente, colaborativa, participativa, com o uso pleno da Interatividade. Isso o que que queremos, por isso lutamos.



* André Barbosa Filho é Superintendente Executivo de Relacionamento da EBC, Coordenador Geral do projeto Brasil 4D e PHD em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário