A dura tarefa de inovar
Existem grupos humanos que dedicam sua existência a pensar , refletir, analisar. Sao, por ofício, dotados de um excelente texto, publicam com regularidade, tem acesso como agentes multiplicadores a distintas plateias que os escutam e admiram.
De outro lado, tempos outro grupo de pessoas que preferem a ação. E de sua natureza agir, desbravar, praticar. São gente de laboratório, de oficinas, de atitudes pragmáticas, de testes e medições, de posicionamentos lógicos e diretos. Respeitados por saber fazer, por vezes esta qualidade louvável, é vista como acessória a visão mais analítica e conjuntural dos investigadores academicos.
Existem ainda outros grupos que mereciam ser descritos para compor este descompromissado painel de atitudes. Por exemplo, os que não tem disposicao ou motivação para a pesquisa ou mesmo para conhecer e dominar praticas. São a maioria dos que conheço e observo. Aceitam a voz da maioria, por vezes nem tem consciência do que defendem é porque defendem numa atitude aliena e de pretenso conforto. Esses, importantes vetores conservadores, auxiliam no processo de manutenção de estruturas , ideias e atitudes.
Entretanto, o grupo que ora passamos a destacar são pedras raras e nem sempre reconheciveis por estarem, muitas vezes, absortos em seus interesses e ao contrário, tentando sobreviver ao defender ideias inovadoras, que quebram paradigmas e introduzem novos comportamentos e verdadeiras revoluções em vários setores da vida.
Estes são os inovadores. Não tem vida fácil. Até por que, vivem num mundo que ainda não existe de fato e são, como por assim dizer, punidos por isso. De fato, não é difícil encontrar biografias neste grupo diferenciado que só foram reconhecidos, depois de sua morte.
Sem delongas e milongas, o fato é que o cotidiano complexo, cujo tecido e formado por múltiplos interesses, ajustados ou conflitantes, não para ouvir ideias malucas, futuristas, ou apenas não condizentes com as expectativas de um mundo cada vez mais individualista e ao mesmo tempo corporativo e artificial.
Estive há alguns anos atrás, numa ante sala de uma grande agência de publicidade paulistana onde se podia ler num cartaz: 99 maneiras de se manter uma ideia. Entre seus pontos estava: não vai dar certo. Já foi feito e não deu em nada. Imagina se alguém vai por dinheiro nisso. Já pensou contra que é quem sua ideia vai de encontro.? Desculpe, não tenho tempo para ouvir sonhos. Eu poderia citar as outras máximas do texto, mas, por certo iria aborrecê-los, leitores.
Frizo. Inovar e para poucos. Paciência, perseverança, conhecimento apurado e argumentos precisos são as armas contra o desprezo, a violência de atitudes e palavras, as injustiças, as antapatias, os medos dos que vem as novas ideias como ataques diretos aos seus interesses nem sempre confessáveis.
E por fim, ainda dizer: Tudo o que descrevemos numa taxinomia nada científica, por vezes, está misturado nas várias manifestações de personalidade de cada um de nós temos, mesmo sem se dar conta de sua existência, muitas vezes camufladas. É assim, um inovador pode não desejar a inovação de seu vizinho, e vice versa. Pode não aceitar que utilizem sua ideia é a melhore. Mesmo com reconhecimento da paternidade da criação.
Mas aí, a questão é psicológica ou mesmo psiquiátrica. Não tenho como discorrer sobre com a minha ignorância sobre o tema; mas posso dizer: inovar trás o martírio pessoal da incompreensão e da solidão de quem propõe quebrar princípios e interesses. É isto é assim, desde que o mundo é
mundo, não e?