sábado, 30 de março de 2013

TV e Internet lutam por espaço nos EUA. Brasil antecipa a mesma batalha. Isto é bom?


A batalha por espectro nos Estados Unidos é batalha que nos espera?

Artigo do editor chefe do magazine estadunidense Variety, Tom Johnson, de 26 de março último, reflete o plano do governo dos EUA de leiloar mais um bloco de frequências do espectro de radiodifusão com o objetivo de expandir os serviços de telefonia sem fio. 

Tal ação tem colocado a TV Broadcasting ( radiodifusão) contra a Big Telecom TV (indústria do audiovisual por Internet ) nas sessões do FCC (Federal Communications Commission) e nos corredores do Congresso dos Estados Unidos. 

Alguns dizem que o país está enfrentando uma crise de grandes proporções devido à fabulosa proliferação de dispositivos móveis, enquanto outros insistem que tais temores são exagerados. O caos abriu a porta para que haja uma supervalorização dos ativos referentes às emissoras de TV cujos proprietários, de repente, se encontram sentado sobre uma possessão valiosa

O artigo traz a baila a grande "farra de negócios" na afirmação do editor da Variety, especificamente dirigida a faixa dos canais 47 a 52 em UHF realizada, por exemplo, como aconteceu com a KTLN, canal 47, que transmitia programação religiosa a partir de San Rafael, Califórnia, e que foi vendido por US $ 8 milhões em 2011. 


O curioso é que faixas até então não mencionadas pela UIT (União Internacional de Comunicações) como recomendação para o uso da banda larga móvel começam a ser negociadas como a WMFP, canal 18 de Boston (as letras eram usadas em seu slogan: Nos somos a mídia para o povo) e que foi vendida no final de 2010, juntamente com outro canal de TV em  UHF de San Francisco  por supostos US $ 20 milhões.

As transações têm uma coisa em comum, segundo Johnson:  "As estações estão sendo compradas pelas carteiras de 'private equity' de empresas de investimento que acreditam ter projetos rentáveis de negociação não exatamente sobre seus ativos, estúdios, contratos, programação, mas relativos as frequências que ocupam no espectro radioelétrico". 

"Eles são especuladores do espectro", denuncia Tom Johnson: "que se dirigem com a uma fome desmedida sobre a fatia de frequências de bandas alocados pelo governo federal nos EUA a empresas de radiodifusão, concessões estas com garantia de proteção evitando a interferência de sinal vindo de outras plataformas em relação aos serviços de TV e de rádio abertos e gratuitos, bem como, serviços de comunicações de emergência". 

Grave, muito grave!.

O incremento destas vendas se explica com as declarações de membros do governo Obama em favor de embarcar em um plano ambicioso de aumentar a oferta de banda larga no país, que, entretanto,  não foi criado para incluir, também, as emissoras de TV que ao negociar o seu espectro em leilão poderiam  manter parte do negócio e participar, como sócias, das receitas provenientes da venda de suas concessões para as empresas de telecomunicações que explorem serviços sem fio; 

Estas estações de TV, discute-se no Congresso em Washington, também tem a opção de compartilhar espectro com as transmissões digitais (multiprogramação) ou mover-se para outras bandas de frequência   

O Congresso  dos EUA cancelou a votação da proposta de realinhamento do espectro radioelétrico no ano passado. A verdadeira tentação da administração federal é o potencial de um leilão que poderia levantar até US$ 20 bilhões, com  tais proventos sendo usados ​​para pagar por uma nova rede de segurança pública sem fio e, também,  para a redução do déficit econômico do país. 

"Claro que essa é uma maneira politicamente branda de para aumentar a receita do governo federal sem aumentar impostos", acrescenta o editor da Variety

O impulso para os estes leilões vem, em parte, do temor de que os EUA estão à beira de estourar o limite de suas capacidades de banda larga - ou o horror apocalíptico que um dia os smartphones e iPads vão ter suas telas escuras, sem sinal. 

Novamente há quem diga que existe exagero nesta profecia. O que se desejaria, pelas empresas de telecomunicações é garantir espaço no espectro radioelétrico, que todos sabem ser finito e limitado.  

A complexidade em se encontrar soluções parece ter apenas adicionado mais um elemento indigesto nesta  luta de Washington para influenciar a forma do plano de venda de espectro e sua reengenharia. 

Numa análise realizada, temos de um lado as empresas que exploram os serviços de telefonia sem fio ansiosas para ver uma transferência rápida de espectro e por outro lado as emissoras de TV que se mobilizam ferozmente diante do que entendem seja uma última oportunidade para agarrar-se às suas concessões, visando a beneficiar suas plataformas de comunicação e seus fornecedores de conteúdo audiovisual, a partir do plano projetado pelo governo federal estadunidense.

O plano poderia criar novos modelos de negócio e provocar a integração de esforços dos dois setores, radiodifusão e telecomunicações com relação à programação destes canais de TV dirigidos a diversos mercados e várias plataformas digitais. Mas não há cultura estabelecida para tanto.  

O momento marca, como já estão preconizando os espertos, uma mudança simbólica do poder de formação da opinião pública da comunicação de massa (um para todos) para o um-para-um digital.

Será este o cenário para o Brasil, amanhã? Sabemos, na verdade o que estamos perdendo ou ganhando com tais tendencias mundiais? Teremos condições ou interesse de divulgação massiva para que estas decisões se tornem públicas o suficiente para interessar a Nação?

Para onde estamos indo?  Você sabe? Você se preocupa?

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