TV interativa: a informação é um direito
Se as pessoas costumam dizer que o ano no Brasil só começa de fato depois do Carnaval, para nós, acadêmicos, ele só inicia após a tradicional aula de início de semestre dos centros. Na noite de ontem, dia 18 de março, no UCS Teatro, foi a vez da aula do Centro de Ciências Sociais (CCSO), que contou com a presença de André Barbosa Filho, Superintendente Executivo de Relacionamento na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Os temas abordados foram a TV Digital e a economia criativa, que se desenvolveram em torno do assunto principal: a inclusão sociodigital por meio da implantação da TV interativa. A escolha do tema foi feita sob os critérios de abranger todas as áreas participantes do recém-unificado CCSO, a fim de simbolizar a transversalidade e o caráter de complementação que a união dos cursos representa.
Barbosa iniciou sua fala ressaltando que “o formalismo congela”, na tentativa de apontar como os processos alternativos são imprescindíveis para se alcançar o sucesso. Aliás, a palavra “sucesso”, neste caso, significa a eficiência em ajudar a vida das pessoas, uma vez que esta é proposta principal da TV interativa. Ao longo de todo o seu discurso, Barbosa frisou a essencialidade da busca pelo que é imponderável.
Interatividade além da internet
A proposta da TV interativa consiste em permitir que os usuários solicitem serviços por meio de sua televisão, onde a solicitação é feita por controle remoto. Com o programa, seria possível agendar consultas médicas, buscar vagas de emprego e até fazer cursos de ensino à distância. A iniciativa é destinada às famílias beneficiárias do Bolsa Família, e visa facilitar a vida destas pessoas e gerar oportunidades.
Barbosa justifica a criação deste projeto ao mencionar o fato de que ainda há uma grande parte da população que não tem acesso à internet, e que a falta de familiaridade com este tipo de equipamento é um empecilho. Em uma pesquisa realizada em João Pessoa – PB, foi constatado que 72% das pessoas que testaram o equipamento demonstraram facilidade na operação. Esta fase de experimentação mostrou ainda que 64% das famílias conseguiram reduzir despesas após a chegada da TV interativa, e cerca de 2% até conseguiu gerar um aumento na renda.
A informação é um direito
Durante as pesquisas realizadas para examinar como as pessoas lidariam com os equipamentos, também foram recolhidos alguns depoimentos dos participantes. Um dos participantes afirmou que a informação é tudo, e que sem ela as pessoas se tornam leigas. Ele também ressaltou que “quando se sabe das coisas é mais fácil ir atrás de nossos direitos”. E por falar em direito, esse é um dos benefícios da TV interativa, uma vez que, por meio dela, é possível ter acesso a legislações imprescindíveis, como o direito do consumidor e o direito da mulher.
Em seu discurso, Barbosa também relatou que a acessibilidade e a metodologia são grandes dilemas da educação, e precisam ser aprimoradas para que haja melhoria nesta área. Ele também abordou que as capacidades das pessoas devem ser medidas por meio de suas características individuais, e não apenas pelo que consta em seus currículos.
O projeto de TV interativa já recebeu menção honrosa na edição de 2014 do Prêmio Celso Furtado. Também já foi premiado três vezes – em 2012, 2013 e 2014 – por inovação e interatividade pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão, a SET. A perspectiva é que o equipamento seja distribuído para aproximadamente 14 milhões de famílias.
Após apresentar o seu projeto e deixar clara a necessidade de criação de políticas sociais para auxiliar a população menos favorecida, Barbosa encerra sua fala com a frase que foi o coração de seu objetivo: “busquem o imponderável!”.
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